Levy, Quéops, Deus, impostos e DJs

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O ministro Joaquim Levy começou a ficar ansioso com a demora de resultados do ajuste fiscal, correto na concepção, mas sabotado no Congresso e no próprio governo.

O Brasil quer erguer pirâmides em um dia. Quéops, segundo Heródoto, para erguer a sua empregou 100 mil homens que levaram 20 anos na empreitada. Deus levou seis dias para fazer o mundo e deu tanto trabalho que descansou no sétimo.

A pirâmide não ruiu até hoje, cerca de 5 mil anos depois de erguida. O mundo, embora nos esforcemos para explodir, permanece. Mas sôfregos, continuamos a querer milagres sem imolar cordeiros.

Aí o ministro Levy começa a imaginar coisas que o fazem parecer com Mantega, que esparramou choques de consumo e quando chegou a hora de pagar a conta todo mundo grita que não era esse o combinado. Mas assim como chapéu de trouxa é marreta a herança do imprevidente é a desdita.

Como não deu certo a volta da CPMF, cogita-se agora aumentar a alíquota do imposto de renda, que segundo Levy, desde Paris, onde participa da reunião interministerial da OCDE, seria uma espécie de “ponte fiscal sustentável”.

Seja lá o que isso signifique, o governo não cogita cortar custos ou buscar saídas que não sejam mais do mesmo, caindo na vala comum do aumento de impostos, que enxuga um mercado já seco.

Para justificar o sugerido aumento da alíquota, Levy comparou o Brasil aos membros da OCDE, afirmando que temos menos imposto sobre a renda que os demais.

É verdade. Em termos absolutos a alíquota do imposto de renda da pessoa física no Brasil é pequena se comparada, por exemplo, à Suécia: enquanto aqui há uma alíquota máxima de 27,5%, lá o máximo vai a 58,2%. Em outro membro da OCDE, aqui na América Latina, o Chile tem alíquota máxima de 45%.

Mas ao esgrimir isso, Levy sofisma. Basta que se compare o poder de compra e o retorno do imposto ao brasileiro com os fornecidos aos cidadãos dos demais membros da OCDE, que o argumento estará destruído.

Quando o Brasil for uma Suécia não haverá questionamento em uma alíquota similar, mas enquanto não chegamos lá, 27,5% é o bastante e isso porque eu sou dócil com o Leão, porque para a maioria a alíquota é um assalto.

Se o governo não quer ter a paciência para bancar o ajuste fiscal como concebido, cujo retorno de resultados não colherá em menos de 24 meses, que dispense o ministro Levy e contrate um DJ para voltar à rave até cairmos no precipício (não, ainda não estamos nele), pois não é possível que não queiramos levar a 7ª economia do mundo a sério e continuemos apostando que tem almoço grátis.

Comentários

  1. Parsifal, o " economês" voltou mais sofisticado. "Ponte fiscal sustentável?" Uma pergunta: porque não aumentam a taxa dos bancos que em meio a uma violenta crise, aumentam seus lucros, com se vê nas publicações dos balanços. Será porque os mesmos são fonte eternas de doações à políticos?

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    1. O problema é que ele não explicou se a ponte é apoiada ou estaiada. Quanto aos bancos, é por aí, meu amigo. Imagina se passa taxar os lucros.

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  2. "O ministro Joaquim Levy começou a ficar ansioso com a demora de resultados do ajuste fiscal, correto na concepção"

    data maxima venia
    o ajuste fiscal é incorreto na sua concepção, totalmente incorreto.

    muitos economistas pensam como o nobre politico Parsifal, mas outros não pensam assim. Muitos formadores de opinião para o mercado financeiro, aqui e alhures, também pensam assim, por isso Dilma não manda o Levi embora, eu penso. Li que o ministro Nelson Barbosa é keynesiano, ele pensa que é muito melhor uma politica economica de maior estimulo, que inclusive geraria maior arrecadação mais adiante.
    quanto a maquina publica, penso que o governo deve fazer todos trabalhar e muito,bem, mas o motivo é criar melhores condições para as pessoas poderem ser felizes, não para simplesmente a maquina ficar enxuta e apresentar numeros bonitos, um orçamento sem deficit.

    Um grande gestor de fundos dos eua, Ray Dalyo, diz que a formação de dividas alavanca o progresso.
    nossos problemas atuais a meu ver não vieram simplesmente da politica desenvolmentista dos governos do pt, vieram da roubalheira e má gestão.

    é melhor apresentar um orçamento com deficit e emitir moeda do que arrancar tanto imposto do publico ou dos bancos. Também os bancos devem ser preservados do aumento excessivo do imposto, porque quem paga é o povo. Há uma maneira simples e eficiente de diminuir o excesso de lucros dos bancos. É só liberar abertura de bancos para quem quiser empreender.

    Em outros paises já há portais na internet para permitir emprestimos entre pessoas, aqui não pode porque as leis protegem o oligopolio bancario, que coisa feia... que vergonha, nobre politico!

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  3. o ajuste fiscal do levy não é correto na concepção.

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