Eu me enganei: 2+2, nas contas da Fazenda, dá 22

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O governo recuou no tamanho da previsão do déficit orçamentário, que inicialmente seria de R$ 89 bilhões e enviou ao Congresso uma proposta com previsão de R$ 30,5 bilhões.

Especulo que se repetiu a mesma queda de braço ocorrida na diminuição da meta fiscal, quando o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esgrimiu com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, pelo tamanho do percentual.

Nos dois casos, a aritmética foi vencida pela política e ao trocar 89 por 30, o governo trocou seis por meia dúzia, pois a repercussão política é a mesma em ambos os números: previsão de déficit orçamentário.

A peça com previsão de déficit, seja de 8 ou de 800, já detona uma discussão dentro do governo e começam a surgir reinvenções de rodas para evitar o déficit previsto.

A roda já foi inventada e perder tempo com elucubrações de lavrá-la só ajuda a torná-la quadrada, portanto, só há duas maneiras de mitigar déficit: aumentar impostos ou cortar gastos.

Bem, é possível também maquiar resultados, lançar mão, de novo, da criatividade contábil e, ainda, montar, outra vez, em uma bicicleta e sair pedalando. Mas tudo isso já é conhecido de outros carnavais e não seria de bom tom reciclar.

Aumentar impostos em uma recessão? Isso enxugaria ainda mais a liquidez de um mercado que já anda com o banzeiro no nariz, além do que, cada ponto percentual de aumento significaria um ponto percentual de diminuição da popularidade do governo. Se o Planalto bancar essa conta, a presidente Dilma terminará o ano devendo pontos percentuais de popularidade aos institutos de pesquisas.

Resta, portanto, a segunda opção, que é reduzir as despesas do governo, o que já foi dito aqui que não se faz embutindo ministérios dentro de outros e cortando um mil dos 22 mil cargos comissionados que a presidência da República dispõe.

Além do mais, para cada tesourada que a presidente der no tecido adiposo do governo, que hoje corresponde a mais do que os 25% padrões presentes em qualquer organismo, ela vai recuperar percentual igual na legitimidade que precisa recuperar para governar.

Mas como tem gente que ainda acha que pode reinventar a roda, vão acabar fazendo uma emenda maior que o soneto inteiro.

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