Entre altos e baixos

Shot 001

Desde que a proposta orçamentária para 2016 chegou ao Congresso, a oposição não cessou a metralhadora giratória contra o governo pela peça prever um déficit de R$ 30,5 bilhões.

Alguns inventaram que a proposta é ilegal. O deputado Roberto Freire (PP-SP) propôs que o projeto fosse devolvido ao governo para “conserto”. Outros resmungam que a presidente jogou “no colo” do Congresso a missão de fazer os ajustes que eliminassem o déficit.

Destarte as minhas reservas com o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele está coberto de razão ao declarar que a previsão de déficit orçamentário não é motivo para devolução da peça e nem obriga o Congresso a “consertá-lo”.

O que é o orçamento público? É a lei que prevê as receitas e refere as despesas do Estado. Se as despesas previstas forem maiores que a previsão de receita, é óbvio que haverá uma previsão de déficit orçamentário.

Confeccionar a peça desta forma não é um erro e sim uma previsão contábil que precisa ser mitigada no decorrer da execução da lei e caso a mitigação não anule o déficit ele precisa ser declarado no fechamento do balanço, refletindo assim, sem recorrer a esteticismos contábeis, a realidade fiscal do Estado da União.

E mesmo que houvesse erro na confecção da peça não lhe caberia a devolução, pois é prerrogativa do Congresso emendá-la e até substitui-la. Desde que obedecidas as dotações e vinculações obrigatórias, o Congresso é soberano para modificar a proposta orçamentária para eliminar o déficit, anulando despesas até o limite em que elas podem ser suprimidas.

Portanto, o Congresso não deve se eximir da sua obrigação constitucional e acusar a presidente de lhe ter jogado “problema” no colo, pois o colo do Congresso é exatamente onde a Constituição da República determina que seja depositada a proposta orçamentária.

E no colo do Congresso está a oportunidade singular de fazer o que o governo não está tendo tento para realizar: cortes efetivos de despesas, não pelo montante do déficit apontado pelo Planalto, que está a menor, mas pelo exato valor que deveria ser apontado, que gira em torno de R$ 125 bilhões.

Orçamento com déficit não é problema. Problema mesmo é nem o governo e nem o Congresso vestirem coragem suficiente para desbridar a grossa camada de queratina que se formou na estrutura administrativa, desde que Pero Vaz de Caminha aqui aportou.

Enquanto não se fizer isso, a linha de desenvolvimento do Brasil vai continuar sendo senoidal.

Comentários

  1. A propagando do PMDB de ontem foi auto-explicativa. Estão costurando o Impeachment. O Temer já se coloca como alternativa. A Deputada Simone Morgado estava lá representando o chefe. Só falta o senhor desembarcar dessa nau a deriva.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E quem lhe disse que eu estou embarcado em alguma nau?

      Excluir
  2. Quando tiveres um tempo me convida para um café...Abraços

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Popular Posts

Mateus, primeiro os teus

Ninho de galáxias

O HIV em ação