Se arrombar eu meto bala em todos!
O documento no qual a PF relata a prisão do o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, revela a mais tensa operação do âmbito da Lava Jato.
Relata o delegado chefe da operação, que quando a porta do apartamento de Othon foi aberta por uma funcionária, ele estava trancado no quarto e reagiu à ordem de abrir a porta, alegando que era uma autoridade militar e exigia a presença de um oficial com patente maior que a dele.
É verdade que um oficial só pode ser preso por outro com patente similar ou superior a sua, mas Othon não estava sendo preso por um crime militar e sim sujeito à esfera criminal comum, o que lhe afastava a prerrogativa reclamada.
Diante da recusa de Othon em abrir a porta, o delegado avisou que a arrombaria, ao que Othon Luiz vociferou de dentro:
- Se arrombar eu meto bala em todos!
Diante disso, o delegado Wallace Soares ordenou, pela primeira vez em todas as prisões da Lava Jato, o protocolo de prisão com resistência e ameaça, o que pressupõe sacar armas e procurar posições de defesa contra disparos, pois, mesmo com 76 anos de idade, era suposto que Othon, por ter sido um militar, sabia manejar armas com eficácia.
O delegado Wallace Soares, depois de se certificar das posições dos seus comandados, avisou que arrombaria a porta e nela desferiu dois potentes chutes, o que é uma forma de intimidação, pois provavelmente seria necessário um disparo na fechadura.
Os chutes serviram ao intento: Othon Luiz gritou que abriria a porta. Mesmo assim o delegado Wallace não desmobilizou o protocolo de prisão hostil e assim que Othon Luiz abriu a porta os agentes o imobilizaram e o algemaram.
Relata o delegado Wallace, que mesmo algemado Othon Luiz continuou a vociferar, até que se acalmou e começou a colaborar com a operação de busca e apreensão que deveria também ser feita na sua residência.
Nas buscas, os federais apreenderam um pequeno arsenal: uma pistola calibre 40, dois revólveres calibre 38, um revólver Colt 357, uma pistola Glock calibre nove milímetros e uma pistola Bayard calibre 635, das quais o almirante só tinha registro de três, o que o fará responder, ainda, por porte ilegal de arma.
Na verdade qualquer militar pode ser preso por um policial "comum", se o crime praticado ou suspeito de praticar, para as prisões temporárias, for comum. Agora, se o crime for militar (definição no Artigo 9° do Código Penal Castrense), ele só poderá receber a voz de prisão e ser conduzido por militar de patente superior ou mais antigo, no caso dos militares da reserva, qualquer militar de mesma patente e da ativa será considerado mais antigo para efeitos penais e disciplinares.
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