O guardador de segredos
O título da postagem não se refere à ótima coletânea que David Arrigucci Jr. fez de vários textos de renomados autores da literatura nacional e internacional, publicados no livro “O Guardador de Segredos”, mas a uma matéria assinada por Ricardo Balthazar, publicada na Folha de S. Paulo de ontem (2).
Reporta Balthazar que o almirante Othon Luiz, preso na Operação Radiatividade, na semana passada, é uma das poucas autoridades no Brasil que acompanhou o desenvolvimento do programa nuclear brasileiro.
Sugere a matéria que Othon Luiz guardou não só os segredos do enriquecimento de urânio que propiciou a instalação da planta nuclear de Angra, como os supostos escaninhos das contas secretas mantidas pelos governos militares para operar o programa.
De fato, como tudo na ditadura militar, a instalação de Angra 1 foi uma caixa preta. Eu vivi a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí e da Transamazônica e assisti a festança que se fazia com o erário.
Angra, por conseguinte, não foi diferente e quem comandou todo o programa foi o almirante Othon Luiz e se ele, de fato, fez o pau em Angra 3, pode ter feito a jangada em Angra 1.
E por que um almirante em Angra? É que o estoque de tecnologia nuclear brasileira foi absorvido pela Marinha, com a finalidade de realizar a construção de um submarino de propulsão nuclear, hoje desenvolvida em parceria com a França e, adivinhem, a Odebrecht.
De volta à matéria, reporta Balthazar que Othon Luiz, que é engenheiro com especialização no MIT, nos EUA, guarda em seu poder “dezenas de caixas com documentos dos segredos tecnológicos nucleares do Brasil”.
Se isso for verdade, por si só constitui-se um crime, pois a tecnologia, e toda a sua documentação, é propriedade do Estado e tem repercussão na segurança nacional.
Mas essa não é a parte que envolve corrupção. Quanto a isso, reporta a matéria, Othon Luiz também teria toda a contabilidade extraoficial do programa, que teve “quase um terço do dinheiro circulado por contas secretas, incluindo uma que ele administrava pessoalmente”.
Seria ótimo para a história do Brasil, pois que os crimes da ditatura militar estão todos prescritos e alcançados pela anistia, se o almirante Othon decidisse fazer uma delação premiada não só a respeito de Angra 3, mas de todo o programa nuclear brasileiro.
Essa cumbuca pode começar a prender muitas mãos...agora talvez comecemos a conhecer além dos roubos indo no rumo dos assassinatos. PERIGO! MUITO PERIGO!
ResponderExcluirDr Nelson Medrado, do MPE, Uruará precisa de sua justiça.
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