Omar Sharif
Faleceu na sexta-feira (10), na cidade do Cairo, aos 83 anos, Michel Demitri Shalhoub. Esse nome, todavia, não seria reconhecido nas manchetes que se abriram no mundo inteiro, pois, após converter-se ao islamismo, para se casar, Michel Shalhoub mudou o nome para Omar el-Sherief.
A fama, como um dos pioneiros atores de origem árabe a conquistar Hollywood, mudou a grafia para Omar Sharif, que depois do sucesso alcançado como ator coadjuvante em um dos mais espetaculares filmes de todos os tempos, "Lawrence da Arábia" (7 Oscars), passou a ser um dos mais requisitados atores do cinema mundial.
Omar Sharif estreou em 1954, como um promissor ator da indústria egípcia de cinema – sim, o Egito já teve uma indústria de cinema – no filme “Shaytan al-Sahra”, que foi veiculado nos EUA com o título de “Devil of the Sahara”. Depois disso fez mais 15 filmes com temáticas árabes até que em 1962 Hollywood o chamou para ser o coadjuvante Sherif Ali, de “Lawrence da Arábia”. Dali pra frente Hollywood submeteu-se à tez fortemente peculiar de Omar Sharif.
Depois de Lawrence da Arábia, em 1965, veio o que, para mim, foi a obra prima de Omar Sharif e uma das melhores produções de Hollywood: a adaptação do magnífico romance épico do russo Boris Pasternak, “Doutor Jivago”, para o cinema, que arrebatou cinco Oscars. Sharif, no papel de Jivago, contracenou com a bela e talentosa Julie Christie, no papel de Lara.
Na verdade, o nome do personagem de Julie Christie em Doutor Jivago é Larissa, chamada de Lara no romance e no filme, como um diminuitivo carinhoso. Quando vi “Doutor Jivago”, em 1974, decidi que colocaria, em uma filha que viesse a ter, o nome de Larissa, que é o nome da minha filha do meio.
Os créditos de “Doutor Jivago” são superlativos e o cinema jamais conseguiu, de novo, reunir tanto talento e estrelato em um só filme. A direção foi de David Lean, a produção foi de Carlo Ponti, o roteiro foi de Robert Bolt, os atores principais foram Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger e Alec Guinness.
A trilha sonora foi um talento à parte. O “Tema de Lara”, composta por Maurice Jarre, é uma das mais belas composições já feitas para o cinema e a mais terna de todas as valsas, abaixo defendida pela batuta do maestro Sir Colin Davis, da The Royal Philharmonic Orchestra of London (pra você, lalinho):
Desde “Shaytan al-Sahra”, no qual estreou aos 22 anos, até o seu último trabalho, no início de 2015, no qual ele foi o narrador no ainda inédito no Brasil, “1001 Inventions and the World of Ibn Al-Haytham”, Sharif, em 61 anos de carreira, fez, entre filmes e séries de TV, 89 trabalhos.
Apesar de ter dividido residências na França, Itália e EUA, Sharif, há dois anos, depois que começou um processo de Alzheimer, que foi confirmado pelo seu filho, Tarek, no início de maio desde ano, mudou-se para o Cairo, alegando que queria morrer no país em que nasceu.
É tão triste quando uma pessoa que nos provação tantas emoções como um ótimo ator se vai.
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