Muito barulho por nada

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No exato primeiro dia do mês de julho os jornais anunciavam o fim do mundo se a Grécia entrasse em default, que é a palavra chic para dar calote. Eu disse que o mundo não acabaria. A Grécia entrou em default e o mundo não acabou.

O primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, disse que não aceitava as exigências e convocou um plebiscito para que o povo grego dissesse se aceitava ou não os termos impostos pela troyka para conceder mais dinheiro à Grécia.

O povo grego foi às urnas e, com uma vantagem de 61,31% o “Não” venceu, ou seja, os gregos disseram que não aceitavam os termos do FMI.

E quais eram os principais termos do FMI para emprestar mais dinheiro à Grécia? A Grécia teria que se comprometer a imediatamente cortar gastos previdenciários, aumentar impostos e gerar superávit escalonado.

Pois bem, ontem (10) o Parlamento grego aprovou os termos da proposta da Grécia à troyka. E quais foram esses termos? A Grécia, para receber € 53,5 bilhões e permanecer na zona do euro, compromete-se a imediatamente cortar gastos previdenciários, aumentar impostos e gerar superávit primário escalonado (!?!).

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E mais, para que a troyka não se rogue, o governo grego desce aos acessórios do acordo que antes abominou: compromete a cortar € 13 bilhões nos gastos públicos, por fim aos benefícios tarifários às ilhas gregas e fazer privatizações.

E foi o próprio Alexis Tsipras, ignorando totalmente o resultado do plebiscito que ele mesmo convocou, quem defendeu o pacote no Parlamento.

É o jeito grego de negociar: primeiro bate o pé, depois convoca um plebiscito, para em seguida aceitar tudo o que estava proposto antes, ao contrário do que o plebiscito aprovou.

O título da postagem, infelizmente, não pode ser uma peça de Homero, mas de Shakespeare.

Comentários

  1. "E o mundo não se acabou" - lembra, Parsifal? - é nome de um samba de Assis Valente gravado por Carmen Miranda. Não poderia postar e comentar para seus leitores?




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    Respostas
    1. É verdade. Disseram que o mundo ia acabar...

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  2. É o jeito esquerdista de negociar, como dizem por aí: "tratar com certas pessoas é como jogar xadrez com pombo: o pombo vai derrubar as peças na mesa; vai cagar no tabuleiro; e sair com o peito estofado cantando vitória."

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