Eduardo Cunha: de depoente a desagravado
O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), passou incólume pelo seu depoimento hoje (12) na CPI da Petrobras e nada indica que venha a ser um “lame duck” (pato manco), expressão cunhada pelos estadunidenses para designar um presidente em fim de linha, mas já usada para designar qualquer autoridade que perdeu legitimidade.
O depoimento de Cunha foi da oitiva ao desagravo: tanto a situação quanto a oposição teceram-lhe loas. Até aplausos foram ouvidos. E ele não se rogou, colocando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no mesmo balaio onde agasalha o governo, ao opinar que ambos foram “irresponsáveis” e “levianos” e tentam “transferir a crise para o outro lado da rua”.
Pesa contra Cunha a menção, feita por Alberto Youssef, de que ele foi comissionado por um contrato firmado pela Petrobras para o aluguel de navios-plataforma. Fato que, segundo Youssef, teria ocorrido em 2006.
Cunha replica que desde 2006 é persona non grata no Planalto, o que é vera: naquele aliançou-se com Garotinho, que foi lançado pelo PMDB candidato à presidência. Com o naufrágio da empreitada, liderou a dissidência peemedebista rumo à candidatura tucana de Geraldo Alckmin.
Desde aí, vive aos solavancos com a coalizão e foi isolado dentro do PMDB, o que não o impediu de chegar à presidência da Câmara. Agora, a conjuntura obriga o PMDB a dele se valer para estocar o Planalto: é a realpolitik de algibeira.
Soa oblíquo que um órgão aparelhado pelo governo, como é a Petrobras, consinta em passar dinheiro a um adversário para que ele se eleja e continue desancando o governo.
Se isso ocorreu com Cunha ele é bem mais perigoso e temerariamente articulado do que sonha a nossa vã filosofia.
Não tenho o mesmo fado: os meus adversários, sem trégua, lutam para me aniquilar, sempre com a grinalda fúnebre pronta para enviar-me ao velório. Deles só o que tenho recebido são processos, tentando me tirar do jogo. Mas isso faz parte do jogo.
Portanto, o que não se vê no quadro atual do país, é exatamente a moldura que o envolve: mera ambição pelo poder, pois nenhum dos protagonistas da peleja tem a necessidade de travar a batalha, que transforma a República em um jogo sem regras.
Isso é perigoso, pois toda ambição é desmesurada e como ensinou Maquiavel, “os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição”, e como observou Mahatma Gandhi, “há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição”.
Deputado, o sr. gostaria de se reconciliar com algum dos seus inimigos? Ou não vale a pena?
ResponderExcluirNão tenho preconceitos e nem faço política com esse sentimento. Nunca tive, de meu lado, inimigos políticos, embora muitos me considerem como, prefiro tratá-los como adversários e jamais maquinei contra eles, terminada a campanha, tenha eu sido o vencido ou o vencedor.
ExcluirNão tenho dificuldades de me conciliar e nem de me reconciliar.