Os rotos e os abaçanados

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O democrata não deve inculcar que o fato de ter tido mais votos torna o seu projeto absolutamente aprovado pela sociedade, pois uma quantidade de cidadãos, com iguais direitos, opinou por outra forma que deve ser relativamente considerada.

Na democracia, é imprescindível exercer com nobreza e humildade os efeitos e consequências da vitória, assim como sustentar com os mesmos predicados a derrota. O coloquial “saber ganhar” é tão importante quanto “saber perder”.

O senador Aécio Neves (PSDB) deixou a derrota lhe subir à cabeça, e à guisa de manter o eleitorado conquistado, dando-lhes voz, o que está correto, malsina um golpe, dando vazão a grunhidos que não têm compromisso com o processo democrático, o que está errado.

Aécio Neves se amolecou ao afirmar que perdeu a eleição “para uma organização criminosa”. Qual a sustentação disso? As doações das empresas, por suposto, envolvidas no Petrolão, ao PT? Se tal é o fundamento, o PSDB, que também recebeu doações das mesmas empresas, seria, idem, uma organização criminosa?

É aquele o mesmo fundamento para Aécio Neves sustentar o impeachment da presidente Dilma? Então, idem, estaria fundamentado o impeachment de todos os governadores eleitos pelo PSDB, que também receberam doações das empresas às voltas com o Petrolão?

O udenismo peessedebista perdeu torque à medida que se constata que qualquer arroto de um é o anúncio do vômito de outro.

A dualidade PT e PSDB é a mais perfeita tradução do roto e do abaçanado e a avaliação histórica de ambos, pelas peculiaridades nas quais se envolveram, será aquela à qual todos nós políticos destes tempos estranhos estamos submetidos: seremos julgados pelos nossos erros e não pelos nossos acertos, pelo mero fato de que aqueles foram mais agudos do que esses.

Comentários

  1. A história procurando repetir com algumas mudanças, inversões de papéis e protagonistas semelhantes. Nos anos 50, quando mesmo após a morte, através de literalmente uma “cartada”, ainda conseguiu um contragolpe aos golpistas, Getúlio Vargas, com o suicídio abateu seus adversários que conspiraram na tentativa de alcançarem o poder. A estratégia atual é semelhante. A “grande” imprensa na época afinada, como agora se posiciona, publicando em grande escala, mas com doses programadas notícias de corrupções, delações e outros. Hoje tudo isto ainda não tem título, mas na época, em letras de corpos tipográficos de altas dimensões chegou ao último capítulo com a manchete “Um mar de lama”. Não tiraram Vargas, ele saiu. Hoje não há mais Carlos Lacerda, jornalista e político ávido pelo poder que com discursos constantes e repercutidos pela imprensa questionava de forma canina a forma de governar de Vargas. Por incrível coincidência inversa, hoje na falta de Carlos Lacerda ele é substituído, embora o protagonista de agora com cultura, incrivelmente, pelo neto do Ministro da Justiça de Vargas, Tancredo Neves que também era grande amigo do presidente do Brasil de então que optou pelo suicídio para não ser enxovalhado por seus algozes. A trama de agora é semelhante. A mídia opera da mesma maneira. Os grupos empresariais brasileiros e internacionais cumprem o mesmo roteiro. Apenas o Lacerda de hoje não passa de um charlatão na interpretação da obra “O mar de lama 2”.

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    1. Diria consertando o texto que o Lacerda atual é de cultura precária e mais adiante não apenas charlatão, mas também canastrão. Perdão pelas faltas na construção do escrito.

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  2. E essa dualidade tosca é também culpa, em grande parte, do PMDB, que mesmo sendo um partido grande, prefere se sujeitar a ser um acessório do governo do momento, seja quem for, ao invés de lançar candidato próprio

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