Suíços dizem não ao salário mínimo de R$ 10 mil e à compra de caças Gripen da Suécia

No referendo realizado ontem (18), 67% dos suíços disseram “Não” ao salário mínimo de US$ 4,4 mil, pouco mais de R$ 10 mil, que seria o maior do mundo caso aprovado.

A tese vencedora para consolidar o “Não” foi a massiva defesa empresarial e do próprio governo, de que a "a iniciativa levaria a cortes de empregos, especialmente em regiões remotas e estruturalmente mais fracas".

Derrotada a proposta suíça, o maior salário mínimo do mundo continua sendo o de Luxemburgo, que é de US$ 2 mil.

> Rejeição à compra de caças Gripen

No Brasil os tecnomilitares escolheram, de moto próprio, comprar caças Gripen, da Suécia.

Já na Suíça, no mesmo referendo que decidiu o salário mínimo, o governo perguntou aos suíços se podia comprar 22 caças Gripen. A resposta foi um sonoro “Não”.

Os suíços não querem os Gripen que, aliás, desculpem-me os suecos, são até bonitinhos, mas ordinários: não aguentam o tranco em uma guerra e resfolegam na primeira liça com os Raptors norte-americanos ou os T-50 russos. Mas como não vamos à guerra, para enfeitar os hangares os Gripen servem.

Finalmente, aos suíços foi perguntado se poderia entrar em vigor uma lei que proíbe, pelo resto da vida, qualquer pessoa condenada por abusos sexuais contra crianças, “a exercer uma atividade profissional ou voluntária em contato com estes grupos”: a resposta foi “Sim”, a lei pode entrar em vigor.

A digressão pela Suíça é para exemplificar como a democracia é bonita. Um dia o Brasil vai, como nas democracias maduras pelo mundo afora, também decidir os seus pontos através de plebiscitos e referendos, ambos já cravados na nossa Carta, mas tão pouco usados.