Paco de Lúcia: a expressão moderna do flamenco
Os mouros invadiram, na Idade Média, a Península Ibérica, a Sicília e Malta, de onde se fizeram ao litoral francês: foi a "civilização mourisca", que se impôs por 7 séculos.
As guerras de reconquista cessaram em 1492, quando Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, os reis católicos, tomaram o Emirado de Granada, último reduto mourisco, expulsando-os para o Norte da África.
Contam que quando Maomé XII deixava Granada, após a entrega das chaves do magnífico palácio da Alhambra aos espanhóis, na barca que o conduzia ao Marrocos, ao voltar o último olhar à cidadela, chorou convulso.
Nesse momento, sua mãe, Aixa, que fora contra a rendição, desferiu-lhe uma bofetada no rosto, repreendendo-o intimorata:
- Não chores como uma mulher por aquilo que não soubeste defender como um homem!
Maomé XII, nascido em Granada, rendeu-se com a intenção de poupar seus súditos de um massacre, mas para Aixa, uma legítima moura árabe, desgraça pouca era bobagem: ela preferia ver o seu filho morto lutando a vê-lo fugindo chorando.
Os mouros se foram, mas os seus 700 anos na Europa permaneceram: a arquitetura, a comida, termos linguísticos justapostos e a música, foram o espólio que legaram.
> Paco de Lúcia
O flamenco, como o fado e o tango, é um lamento originado nas modas mouras, entoadas com saudades de casa.
Nascido de uma família de guitarristas flamencos, o andaluz de Algeciras, Francisco Sánchez Gomes, alcançou a glória mundial como Paco de Lúcia: a maior expressão do flamenco já surgida.
Eu nunca vi alguém com tamanha habilidade para golpear uma guitarra flamenca e tirar dela acordes que traduziam com perfeição o choro de Maomé XII ao deixar Granada, ou a revolta de Aixa por ele não ter lutado.
Um ataque cardíaco matou Paco de Lúcia na última quarta-feira (26.02), aos 67 anos. Ele foi para o flamenco o que Astor Piazzolla foi para o tango: ambos releram os gêneros e neles embarcaram os respectivos lamentos atuais dos seus povos, atualizando-os
Paco de Lúcia (Paco é diminuitivo de Francisco e os andaluzes costumam, coloquialmente, chamar as pessoas pelo primeiro nome, seguido do nome da mãe) tocou publicamente, pela primeira vez, em 1958, quando tinha apenas 11 anos.
Desde então conheceu a fama e aos 20 anos já era um guitarrista conhecido em toda a Europa. Em 1991, quando tocou na Orquestra de Joaquin Rodrigo, o Concierto Aranjuez, a sua fama se espargiu pelo mundo. A ceifadora o levou cedo. No auge da fama.
Aprecie abaixo a performance clássica de Paco no adagio de “Concierto Aranjuez”, a mais pura expressão do lamento flamenco. Não se apresse: não perca a apoteose do adagio, com os violinos. É de fazer chorar.
Mas isso é o clássico. Não deixe de apreciar as composições de flamenco moderno de Paco, onde ele mostra toda a sua habilidade com a guitarra, como “Entre dos aguas”:
Concordo com tudo que dissestes, inclusive escolhemos a mesma música para homenageá-lo o Concerto de Aranjuez...e devo falar da maneira que a mim se apresentou de forma indelevel na trilha excepcional para o filme Carmen de Carlos Saura...memorável.
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