Pesquisa em posse do Planalto faz o Governo Federal mudar o discurso sobre a Copa
Na segunda metade de 2013 o governo mudou o discurso sobre a Copa. A propaganda oficial era de que a Copa deixaria um legado de infraestrutura; agora o discurso se limitou ao ufanismo de que essa será “A Copa das copas”.
Uma pesquisa interna, que sondou a percepção do brasileiro sobre o evento, pautou a mudança do discurso ao revelar que a maioria dos brasileiros é cética quanto ao "legado", vendo as obras como uma "maquiagem" superficial para garantir o sucesso do evento.
> Hoje tem espetáculo?! Tem sim, senhor!
Tal percepção já se revelara nas pesquisas feitas durante e depois do “Levante de Junho”. Em duas sondagens no final de 2013 restou claro que a “desculpa” do Governo Federal para torrar mais de R$ 30 bilhões para sediar o evento não é visto como um investimento e sim como um mero dispêndio em entretenimento.
A constatação fez o marqueteiro da corte, Nizan Guanaes, redirecionar a fala oficial, que passou a ser mera chamada para o espetáculo.
> Torcida e frustração
Quem teve acesso aos relatórios das qualitativas alega que as conclusões são primorosas. Grupos foram coincidentes ao emitir o juízo de que que "o futebol deve ser usado como um fim, não como um meio para atingir outros fins"; outros, sem prejuízo da percepção anterior, foram taxativos em concluir que “se faz uma maquiagem para sediar um espetáculo e tudo voltará a ser como antes quando a Copa terminar"; outros têm a percepção mista (a mais transversal) de que o brasileiro sentirá orgulho pelas cores do Brasil em campo, mas que a frustração com falta de segurança pública e maior efetividade nos investimentos em saúde e educação tisnam a permanência daquele sentimento, ou seja, tudo será como no carnaval: acabar-se-á na quarta-feira.
> Governo + Fifa = desastre
Há uma unanimidade: a associação entre governo e Fifa é desastrosa. A imagem que o brasileiro tem da Fifa é pior daquela que tem dos políticos, e grande parte dos entrevistados sente-se lograda ao comparar a suntuosidade dos estádios, financiados com o erário, com a qualidade dos hospitais e escolas públicas brasileiras.
> A esperança de óculos
A “Folha de S. Paulo” revela que os relatórios somam 428 páginas. Essas folhas devem ser um primor do pensamento contemporâneo nacional e a leitura delas passou a ser o meu objeto de desejo.
Por enquanto, dou-me por consolado, pois eu, que me julgava um cego, passo a ter a impressão de que ainda consigo ver, pelo menos, vultos. Deve ser a esperança de óculos que cantou Zé Rodrix em “Casa no campo”.
Parabéns por ter lido com tanta antecedência o script que se desenrola agora.É uma pena para todos nós que acertou com tanta propriedade.
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