Pesquisa em posse do Planalto faz o Governo Federal mudar o discurso sobre a Copa

Shot007Na segunda metade de 2013 o governo mudou o discurso sobre a Copa. A propaganda oficial era de que a Copa deixaria um legado de infraestrutura; agora o discurso se limitou ao ufanismo de que essa será “A Copa das copas”.

Uma pesquisa interna, que sondou a percepção do brasileiro sobre o evento, pautou a mudança do discurso ao revelar que a maioria dos brasileiros é cética quanto ao "legado", vendo as obras como uma "maquiagem" superficial para garantir o sucesso do evento.

Shot008

> Hoje tem espetáculo?! Tem sim, senhor!

Tal percepção já se revelara nas pesquisas feitas durante e depois do “Levante de Junho”. Em duas sondagens no final de 2013 restou claro que a “desculpa” do Governo Federal para torrar mais de R$ 30 bilhões para sediar o evento não é visto como um investimento e sim como um mero dispêndio em entretenimento.

A constatação fez o marqueteiro da corte, Nizan Guanaes, redirecionar a fala oficial, que passou a ser mera chamada para o espetáculo.

Shot010

> Torcida e frustração

Quem teve acesso aos relatórios das qualitativas alega que as conclusões são primorosas. Grupos foram coincidentes ao emitir o juízo de que que "o futebol deve ser usado como um fim, não como um meio para atingir outros fins"; outros, sem prejuízo da percepção anterior, foram taxativos em concluir que “se faz uma maquiagem para sediar um espetáculo e tudo voltará a ser como antes quando a Copa terminar"; outros têm a percepção mista (a mais transversal) de que o brasileiro sentirá orgulho pelas cores do Brasil em campo, mas que a frustração com falta de segurança pública e maior efetividade nos investimentos em saúde e educação tisnam a permanência daquele sentimento, ou seja, tudo será como no carnaval: acabar-se-á na quarta-feira.

> Governo + Fifa = desastre

Shot011

Há uma unanimidade: a associação entre governo e Fifa é desastrosa. A imagem que o brasileiro tem da Fifa é pior daquela que tem dos políticos, e grande parte dos entrevistados sente-se lograda ao comparar a suntuosidade dos estádios, financiados com o erário, com a qualidade dos hospitais e escolas públicas brasileiras.

> A esperança de óculos

Shot013

A “Folha de S. Paulo” revela que os relatórios somam 428 páginas. Essas folhas devem ser um primor do pensamento contemporâneo nacional e a leitura delas passou a ser o meu objeto de desejo.

Por enquanto, dou-me por consolado, pois eu, que me julgava um cego, passo a ter a impressão de que ainda consigo ver, pelo menos, vultos. Deve ser a esperança de óculos que cantou Zé Rodrix em “Casa no campo”.

Comentários

  1. Parabéns por ter lido com tanta antecedência o script que se desenrola agora.É uma pena para todos nós que acertou com tanta propriedade.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Popular Posts

Mateus, primeiro os teus

Ninho de galáxias

O HIV em ação