Morre Nelson Ned

Morreu, aos 67 anos, nessa manhã (5), em São Paulo, o mineiro Nelson Ned d'Ávila Pinto. Quem gozou a juventude nos anos 60 até meados dos 70, o conheceu pelos dois primeiros nomes: Nelson Ned.

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A carreira de Ned, como a da maioria dos artistas da época, construiu-se com perseverança. Era um tempo em que a valia não era do marketing. Não se fabricavam artistas: vencia quem tinha talento.

> Saída da terra natal para a fama

Primogênito de 7 irmãos, saiu de Ubá-MG, aos 16 anos, para o Rio de Janeiro, onde trabalhava em uma fábrica de chocolates ao dia e à noite cantava em bares e boates. Em princípio era contratado mais pela peculiaridade de ser um anão (90 cm) e menos pelo talento da voz.

Contava que devia a Chacrinha, que mantinha o programa de calouros de maior audiência do Brasil à época, a passagem para o sucesso. A partir da “Discoteca do Chacrinha” Nelson Ned ganhou fama.

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Na segunda metade dos anos 60 os seus discos já eram vendidos em toda a América Latina e as suas apresentações lotavam estádios.

> E tudo passa, tudo passará…

A glória veio em 1969, com “Tudo passará”, uma valsa-bolero bem arranjada que foi regravada pelos principais cantores nacionais e por mais de 40 cantores latino-americanos, com versão para o espanhol.

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De voz sólida, bem empostada e envolvente, Ned vendeu cerca de 40 milhões de discos. Ganhou três “Discos de Ouro” e foi um dos poucos brasileiros a se apresentar no Carnegie Hall, em Nova York, por 4 vezes.

> Depressão e drogas

No auge do sucesso foi acometido de depressão e se entregou às drogas, o que lhe definhou a carreira a partir do final da década de 90, e embora tenha ganhado muito dinheiro, administrou mal as finanças.

Saído das drogas, converteu-se ao neopentecostalismo e gravou um disco gospel que foi sucesso imediato: conquistou um Disco de Ouro no primeiro lançamento.

> AVC

Em 2003 sofreu um AVC que o deixou cego de um olho e lhe tomou a locomoção e a voz, fazendo com que o ligeiro verão que conseguira com o gospel se quedasse ao inverno que viera antes dele.

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Sem poder cantar, hipertenso, diabético e diagnosticado com início de Alzheimer, os direitos autorais lhe eram o único sustento. Em dezembro de 2013, passou a viver em uma clínica de repouso em Cotia, na grande São Paulo. Ontem (4) foi internado no Hospital Regional de Cotia, com complicações generalizadas, vindo a falecer no início da manhã de hoje (5).

Abaixo, o maior sucesso de Nelson Ned: “Tudo passará”.

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