Entre a mediocridade e o crescimento

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Luiz Gonzaga Belluzzo, advogado, cientista social e doutor em economia, é um dos melhores teóricos da velha guarda de pensadores nacionais.

Com o mundo girando 2 dias a cada 24 horas, a tecnocracia passa longe de intuir um Brasil para daqui a uma semana: a labuta é para terminar o dia de hoje, pois o mundo ficou plano e excessivamente mecânico para caber inteligência no cotidiano.

Belluzzo foi professor da presidente Dilma quando ela cursou mestrado em economia (tem gente que pensa que Dilma Rousseff, porque militou na luta armada, é ignorante de pai e mãe). Em 2001, entrou para o Biographical Dictionary of Dissenting Economists como um dos 100 maiores economistas heterodoxos do século XX.

Quando o PMDB produzia pensamento, Belluzzo foi um dos elaboradores do partido. Os seus ensaios sobre a sociedade brasileira, sob a ótica de Marx e Keynes, são primorosos.

Em superficial entrevista à “Folha de S. Paulo”, Belluzzo analisa a política econômica do Governo e debita a anemia a três pontos que eu tenho batido aqui: a política cambial (os feiticeiros da presidente acham que podem amarrar, impunimente, o câmbio), a crise de oferta (o nosso setor fabril é esquizofrênico e acostumado a investir apenas com dinheiro público, de preferência sem pagar) e uma política de juros equivocada (o Planalto pensa que a chave mestra da macroeconomia é o manejo do preço do dinheiro).

Belluzzo critica os “desenvolvimentistas”. É verdade: eles ainda definem desenvolvimentismo com os mesmos conceitos do século passado.

Desenvolvimentismo agora é o país ficar em condições de competir, fazer acordos”, sugere Belluzzo. E completa dizendo o que eu, para apoquentar os “industriais tupiniquins”, sempre surro: “o crescimento é baixo porque não há dinamismo na indústria”.

> O X da questão

A questão é essa: queremos ser mascates ou desenvolver uma indústria competitiva?

Se a resposta for sim à primeira pergunta, a política econômica não precisa ser reformulada: continuemos com as bancas nas calçadas vendendo produtos chineses.

Se a reposta for não à primeira e sim à segunda pergunta, parafraseando Camões, “cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta”: a política macroeconômica se deve reformular e o Governo deve parar de pautar a economia pelo eleitoral.

Que a política econômica vise as gerações vindouras e não a próxima eleição, pois não é possível desenvolver a sociedade, gerar e distribuir renda de forma sólida, recomeçando tudo de 4 em 4 anos.

Para ler a entrevista de Belluzzo à “Folha” clique aqui.

Comentários

  1. Deputado todas as políticas do país, do governo federal ao municipal, visam o período eleitoral!!! Estamos estagnados em todas as áreas, os poucos passos não significam muita coisa para um país que um dia pretende ser grande. Sinto-me totalmente impotente quanto ao futuro dos meus filhos, cresci escutando que o Brasil é o país do futuro, quando?? onde?? como??

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    1. A falta de pegada econômica não solapa apenas o Brasil, mas o mundo. É correto que a política econômica equivocada, e o ufanismo de achar que a crise mundial não nos atingiu, gera uma lacuna e o governo, exatamente para não tomar medidas corretas, mas que seriam amargas, protela o ajuste.
      Se olharmos em retrospectiva, todavia, veremos que embora a melhora no manejo das instituições ainda seja sofrível, a cada governo que passa adquirimos mais responsabilidade. Essas coisas são lentas mesmo.

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  2. O Brasil não tem projeto. Os grupos políticos tem projetos eleitorais e mais nada. Daí quando se elegem se tornam apagadores de incêndio.

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  3. é o projeto eleição e mais nada!! o resto é conversa pra enganar o zé povinho...

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