Aécio Neves, quem diria, acabou no petismo

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), vendo que o tucanato não poderia insistir em pejorar o programa “Bolsa Família”, resolveu assumi-lo com a desculpa de transformá-lo em um programa de Estado e não do PT.

Para tanto apresentou, na quarta-feira (30), um projeto de lei que vincula o “Bolsa Família” ao Fundo Nacional de Assistência Social, e garante-lhe recursos na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS).

> Correndo atrás do prejuízo

Aécio, que patina nas pesquisas e se não cuidar dos calcanhares logo os terá mordidos pelo governador de Pernambuco, resolveu apagar o que ele e os principais líderes do PSDB maldiziam do Bolsa Família, e se quedarem às evidências eleitorais do programa, que fideliza cerca de 20 milhões de votos ao PT.

> Plagiando o PT

Mas como o PSDB agora defende o Bolsa Família, esse não mais será um mero colhedor de votos, ou esmola para viciar os pobres, e sim uma política de Estado para servir de meio para tirar as pessoas do lado de baixo da linha da pobreza: exatamente o discurso do PT, que poderá processar os tucanos por plágio.

> No fundo, no fundo

Na verdade, a Aécio Neves pouco importa o mérito, o que ele pretende com o projeto de lei é afastar o discurso petista de que a oposição (no caso, ainda, ele), se vencer a eleição, acabará com o Bolsa Família.

"A maior homenagem é tirar o tormento, a angústia das pessoas, que toda véspera de eleição, são atemorizadas pela leviandade de alguns que acham que seus adversários irão, em determinado momento, terminar o programa", traiu-se Aécio no discurso com o qual apresentou o projeto.

Aécio segue os mesmos passos de FHC, que pediu que esquecessem o que ele escreveu, quando lhe confrontaram as contradições da sua prática política com a produção sociológica.

Mas isso ocorre nas melhores famílias: é que na prática, e principalmente na política, a teoria é diferente.