Temos que aceitar a vida e vivê-la

O baiano Cláudio de Oliveira, 37 anos, nasceu com o pescoço envergado para trás, e pernas, pés e braços atrofiados, o que não o impediu de aprender a ler, escrever e formar-se em contabilidade.

Cláudio é membro da diretoria do Sindicato dos Contabilistas da Bahia, mas boa parte do seu tempo é despendido ministrando palestras motivacionais.

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> Parto difícil

Nascer já configura um ato de heroísmo da espécie, mas para Cláudio o parto foi uma glória: a avó, parteira de Monte Santo - cidade do sertão baiano onde o Exército se instalou para se bater com Antônio Conselheiro na Guerra de Canudos -, não lhe conseguiu trazer à luz, devido à posição em que se encontrava no ventre materno.

No meio da liça apareceu um estudante de medicina que ajudou a parteira a trazer Cláudio ao mundo. Vista a criança, todos acharam que o rebento não vingaria e correram à batiza-lo, para que não morresse pagão.

> Esparta

Os espartanos atiravam no precipício os que nasciam atrofiados. Uma desobediência a esse edito selou a derrota de Leônidas para Xerxes na Batalha das Termópilas: Elfiates, nascido com atrofias, foi poupado pela mãe e, já adulto, tentou entrar para o exército, mas foi rechaçado por Leônidas.

A vingança de Elfiates foi unir-se a Xerxes e mostrar-lhe uma passagem no desfiladeiro, o que permitiu ao exército persa surpreender os 300 espartanos pela retaguarda, derrotando-os em uma das mais famosas e trágicas batalhas da Idade Antiga.

Contam as crônicas da época (Heródoto)  que Xerxes, tentando poupar Leônidas, advertiu-o que as flechas dos seus lanceiros seriam tão numerosas que encobririam a luz do Sol, ao que respondeu Leônidas: “então direi aos meus guerreiros que combateremos na sombra”.

> Monte Santo

Em Monte Santo, sugeriram aos pais de Cláudio que não o alimentassem, para que morresse de inanição, pois ele não sobreviveria de qualquer forma. Os pais não aquiescerem e criaram-no com o mesmo carinho que os irmãos.

> Cabeça invertida e visão normal

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Por ficar com a cabeça para baixo quando estou em pé, muitas pessoas acham que vejo tudo de cabeça para baixo, mas não é assim. Vejo como as pessoas normais”, explica Cláudio. Neurologistas explicam que os nervos óticos de Cláudio se adaptaram à sua fisiologia.

> Vida normal

Cláudio, dentro dos seus limites, leva uma vida normal: escreve e digita com a boca, lê revistas e assiste TV. A comida lhe é servida em um prato e ele come diretamente no recipiente, sem usar talheres. Depende de outras pessoas apenas para ir ao banheiro e quando sai de casa.

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Meu trabalho é dar palestras motivacionais em empresas. Acho que nasci designado a cumprir uma missão: ser exemplo de perseverança e superação. Mostro que podemos enfrentar todos os problemas e obstáculos. Temos que aceitar a vida e vivê-la”.

Salve Cláudio! E você? Não sentiu a vida um pouco menos pesada agora?

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