Jogos de guerra

Os norte-americanos estão convencidos de que a doutrina marcial dos EUA não diminui o valor das suas hipotecas domésticas, por isso Obama quer dividir com o Congresso a impopularidade de um iminente ataque à Síria.

O líder republicano no Senado, John McCain já declarou o apoio do partido, mas avisou: nada de “ação limitada”, o que significa que os republicanos querem arrasar Damasco.

A indústria bélica esfrega as mãos: para essa gente, estrondos de bombas de percussão de quatro estágios são canções de ninar, e uma autorização do Congresso para detona-las por 90 dias, é uma enorme partitura.

> Apenas uma Líbia 

No decorrer dos próximos dias, quando retorna o Congresso das férias (o Congresso e o presidente dos EUA tiram férias duas vezes por ano), a ira divina cairá sobre al-Assad.

Obama tenta dissimular: “será uma ação limitada e proporcional. Isso não é o Iraque e isso não é o Afeganistão". É... De repente é apenas uma Líbia...

> O blefe

Al-Assad blefa: “um ataque à Síria desencadeará uma guerra regional”. Não creio nisso e vou ao largo: os vizinhos da Síria, que estão às voltas com mais de 2 milhões de refugiados do regime, fingem solidariedade, mas derrubam os joelhos duas vezes por dia pedindo que os EUA ponham termo à confusão.

> Superioridade bélica

Resistir à superioridade bélica norte-americana é taticamente impraticável.

A Síria está cercada a Oeste pelo porta-avião nuclear francês Charles De Gaulle, e pela base naval norte-americana de Creta; a Leste estão as bases norte-americanas no Kuait, Bahrein, Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, além da força tarefa do porta-aviões nuclear USS Nimitz; ao Norte a base aérea dos EUA na Turquia e ao Sul as bases aéreas estadunidenses na Jordânia e a formação de elite do porta-aviões nuclear USS Truman.

É por essas, e outras, que os republicanos não concordam com “ação limitada”: se é para fazer a omelete, não se poupem ovos, afinal, como disse o grande general Douglas MacArthur, um dos últimos guerreiros românticos dos EUA, “só os mortos conhecem o fim de uma guerra.”.