Por um bloco que sacuda e arrebente o cordão de isolamento

carna

Desde um ano de idade meus pais levavam eu e minha irmã para o vesperal infantil do Tucuruí Esporte Clube. Tenho fotos fantasiado de marinheiro: acho que eu adorava a fantasia, pois, a minha cara era de felicidade.

Eu devia ter umas 20 primaveras nos ombros (ainda não pesavam coisa alguma) quando dancei o derradeiro dos meus carnavais. Eu gostava do carnaval de rua, na base do “vesti uma camisa listrada e saí por aí”. Eu só não tomava Paraty: brincava os três dias no sujo e só bebia Guarasuco.

Os instrumentos musicais do nosso bloco do sujo (o bloco não tinha nome, então íamos à base da metonímia) eram latas velhas e panelas que pegávamos na bateria de casa (a bateria era uma espécie de torre onde se penduravam as panelas, na cozinha).

Aproveitei tanto aqueles 20 anos que, desde então, sem mais, menos, ou porquês, não mais senti vontade de pular carnaval: as reminiscências de um passado tão rico e simplesmente feliz já me bastam.

Hoje em dia a coisa ficou mais complicada: é desfile de escolas de um lado, blocos organizados de outro, cordões e o escambau ilustrado para lá, e o povo, que só quer sair à rua e requebrar ao som de qualquer panela pula onde?

Não entendo esta confusão estatal que o carnaval da Cidade Velha causa, com direito a liminar, incêndio da liminar, dança, não dança, vai não vai: tudo porque o Estado não tem condições de dar segurança aos brincantes.

Como não? O Estado tem a obrigação de prestar segurança aos brincantes e tem que se virar para isto, pois é apenas um curto período de 48 ou 72 horas. Deveria ter prevenido para garantir ao brincante não alinhado, que não se quer filiar a uma pessoa jurídica e nem comprar caríssimos abadas para cair na folia.

Cabe bem neste imbróglio aquele samba do João Bosco, que ele fez exatamente quando o Estado começou a se meter no carnaval de rua, não para garanti-lo, mas, para torna-lo uma “Plataforma”.

O trecho abaixo, cabe bem no caso presente:

Não põe corda no meu bloco
Nem vem com teu carro-chefe
Não dá ordem ao pessoal
Não traz lema nem divisa
Que a gente não precisa
Que organizem nosso carnaval

Comentários

  1. E isso aí mermão! Eu só quero é ser feliz dançar tranquilamente na favela onde eu nasci...

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  2. É os tucanos isso...

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  3. Parsifal, como tu consegues falar sobre algo que esta contendo no Para, se estás, como diz a bamda Blitz, a milhas e milhas distante do meo meu amor, isto é, distantte do nosso querido Pará, dixa de ser hipocrita e querer enganar o eleitor paraense.

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    1. Eu não preciso estar no Pará, e nem mesmo ser do Pará, para emitir a minha opinião sobre o que ocorre no Pará. Assim como não é necessário eu estar na China para que eu emita opiniões sobre o ano novo chinês: isto faz parte da mais elementar dialética desde que ela foi elaborada, também, muito longe daqui.
      Não tenho a pretensão de achar que é possível enganar eleitores: eles são inteligentes o suficiente para terem o senso crítico de avaliar em quem devem votar. Esclareço-lhe ainda, que ser eleito para o que quer que seja, não é para mim uma questão de vida ou morte, por isto, sempre manifesto as minhas opiniões, e assino em baixo: não falo das sombras das alcovas.
      Portanto, tome de volta a sua hipocrisia que você me quis colocar no colo e, já que estou “a milhas e milhas distante do meu amor”, tente ir pular o carnaval na Cidade Velha e nos conte como foi, mas, por favor, deixe a hipocrisia em casa, na geladeira.

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    2. Eras mana, se eu fosse tu eu me mudava. Tu podia ter ido pular carnaval sem essa. Mas, não te esquece de deixar a hipocrisia na geladeira...

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    3. Hahahaha...toma-te! devia passar o dia sem essa!

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    4. André (Tucuruí)19/02/2012, 22:52

      Parsifal, deste uma bordoada (como diria minha avó) neste(a) sem ao menos tocar em um fio de cabelo dele(a).

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  4. Para colocar a polícia para proteger deputado tem. Na Alepa, por exemplo, tem um monte de milico que não faz nada. Militar que não quer trabalhar pede para ser cedido para a Alepa. O senhor tem algum no seu gabinete deputado?

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    1. Não tenho policiais no gabinete e nem fora dele. Não ando com seguranças.

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  5. Contrata mais policiais, ora essa. É só demitir os assessores especiais que não fazem nada.

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  6. E os concursos, não vai haver nenhum? A Ana pelo menos fez e chamou uma pá de gente. Agora, tucano realizar concurso, não me lembro. Quando a gente pensa que tá feia a coisa, ainda fica "peor".

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  7. Deputado:
    Excelente sua análise, é verdade, como ficam aqueles que só querem brincar?
    Parabéns.
    O Estado tem que prover essa tal segurança, não faze-lo mostra incompetência.

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  8. O anônimo de 1:38 h está parecendo um tal de Ney Messias.

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  9. Parsifal;

    Maquiavel explica. É a política do "não deixa os outros fazerem".

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  10. Dr. como sempre brilhante nas respostas, e nos ensinamentos! feliz carnaval!

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  11. Na última quarta feira, dia 15 era notório que a liminar concedida pelo Dr. Marco Antonio não iria se sustentar. Primeiro, porque o loby feito no âqmbito do judiciário para constranger o magistrado foi dantesco. Segundo, o magistrado foi avisado que isso iria acontecer, porque o cabo de guerra entre PMB e Gov do Estado, só está começando. E quem perde?? nós os pobres belemenses, que ficamos a mercê de vaidades do governador e sua equipe que nem de carnaval gostam.
    vejam onde estão os secretários do Jatene. No Pará???
    Todos viajando pra fora do Estado.
    ops....alguns em Salinas....
    Por isso, é melhor que o povo continue se organizando. mas tirar a polícia das ruas, é demais....

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  12. Sem contar que o Liberal, onde os donos são amigos do magistrado, não deu uma linha sobre o assunto.

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