Direito de santuário profanado na Síria

Assisti, na madrugada de hoje, imagens da invasão da mesquita Al-Omari, na cidade de Deraa, na Síria, onde o governo de Damasco, comandado por Bashar al-Assad, enfrenta uma revolta popular.

Lugares de culto, em quaisquer circunstâncias, jamais devem ser profanados, principalmente em uma cultura religiosa tão arraigada como é o Islã. Em um mundo em que estamos perdendo rapidamente certas regras, esta é uma das que devemos lutar por persistir: respeitar o direito de santuário.

O comandante do exército Sírio é Assad e não posso crer que a operação de invadir uma mesquita onde dezenas de rebeldes se refugiaram, usando o milenar direito de santuário, fosse invadida sem permissão superior e disparadas armas de fogo lá dentro, matando, segundo a rede Al-Arabiya, cinco pessoas e ferido dezenas.

Em resposta à reprovação de todo o mundo árabe, o presidente Assad exonerou o governador da cidade de Deraa e o chefe da segurança local, mas, diante da gravidade do fato, isto não é uma resposta satisfatória.

Loas ao estado de Israel que em uma das mais graves escaramuças com os palestinos, em 2002, sitiou 250 guerrilheiros que haviam perpetrado uma incursão terrorista no território judeu.

Os guerrilheiros pediram santuário na Igreja da Natividade, em Belém, o que lhes foi concedido pelos religiosos que guardam a gruta onde nasceu Jesus. O exército israelense cercou o Templo Sagrado e não ousou invadi-lo, preferindo usar táticas de pressão psicológica para forçar-lhes a saída.

As escaramuças duraram cinco semanas e foi encontrada uma saída negociada que não incluiu a invasão do Templo: Israel respeitou o direito de santuário.